*Evitando um pesadelo*
por tonicato mir
Curitiba, 27.02.2025.
Foi quase. Acordei antes que acontecesse alguma consequência para mim, fosse
na liberdade de movimentos, ou em maus tratos ao meu corpo.
Vejam que não lembro o que aconteceu antes, mas posso descrever o sonho de
um certo pedaço até o final. Este trecho se deu assim:
_“Recordo que estava numa rua, debruçado sobre um pequeno vale que
se abria para um parque descampado, com cerca de duzentos metros de
largura por quinhentos metros de comprimento. Do outro lado do vale
tinha uma rua marginal e, depois dela, na minha visão transversal, tinha
outro aclive – um desnível arborizado, com cerca de seis ou oito metros.
Lá em cima, outra rua e um terminal de transporte coletivo. Tinha de
atravessar o parque para pegar um ônibus e ir para casa._
_Cheguei à beira da pequena ribanceira e avistei vários grupos ao redor
de fogueiras. Também observei que haviam pessoas solitárias sentadas.
O local era um antro de desocupados na cidade. Eles se reuniam ali
porque poucas pessoas o incomodavam e faziam seus espaços com
utensílios das sobras da sociedade. Avaliei bem onde atravessar,
tomando a decisão de ir. Sabia que se um desses grupos ou um dos
homens de rua me abordasse estaria perdido, pois levava algum dinheiro,
um celular e uma blusa boa sobre uma camisa de marca. Estava vestido
assim pois vinha de um encontro social, mesmo vestindo uma calça de
jeans surrada._
_Escolhido o local da travessia eu fui. Quando estava chegando a dez
metros da rua margeando o parque saiu um indivíduo detrás de uma
pedra grande e me abordou. Ele não escondia o riso na sua cara. Eu era
a vítima salvadora da féria do dia, talvez da semana. Ele trazia uma
pequena faca na mão. Estava a sua mercê e ainda pensei – QUE
AZAR!!!_
_Nisto vi que estava passando um carro de polícia devagar observando
tudo. Não tive receio, disparei, aos gritos, um recado em direção ao
automóvel:_
_— Polícia filho da p..! Polícia filho da p..!_
_De súbito o carro parou. O policial do assento do carona desceu com
uma arma na mão.”_
Imediatamente acordei. Não queria acompanhar o desenrolar da história. Fugi do
sonho, pois ele poderia virar um pesadelo. Fui covarde do sonho, totalmente
consciente e inconsciente ao mesmo tempo. Fazer o quê? Na corrida do ladrão com
a galinha na mão, ao ser perseguido ele se desvencilha de tudo que possa atrasar a
sua fuga e atrapalhar sua correria.
Pensei em falar ao D’Olho este quase pesadelo, mas lembrei da minha velha
mãe. Ela dizia _“Quando temos sorte de não ter acontecido uma tragédia, deixemos
os pensamentos sobre a história quieta”._ Isto, porque o dia somente está
começando. Não mexer no pesadelo é deixar que o dia não se transforme em um.
_“Vamos adiante!”_ – como diz sempre a minha centenária mãe. Acredito que com
calma e sonhos de olhos abertos não é possível causar mal nenhum à nossa
liberdade e ao nosso físico. Que seja!!!
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