Temporal.
Sacode sua cabeleira
a palmeira da praça
onde o vento já serpenteia.
Correm as gentes,
como se formigas fossem,
de repente, indigentes.
Os pinheiros com flores amarelas,
tímidas, tão desconhecidas, quase invisíveis,
sacodem-se e, suas imóveis passarelas.
Voa o passaredo,
o vento da estação se fortalece,
varre a calçada como brinquedo.
O Ipê ainda amarelo
despede-se agora de sua florada,
que espera um ano para preenchê-lo.
Logo as nuvens molham tudo,
raios e trovões passam rápido,
deixando um momento mudo.
E, então, há calmaria,
na bonança, o vendaval olha para trás,
vê o que fez para o dia.
E então o Arco-íris nasce,
soberbo, iluminado,
usa a parede azul do temporal que desaparece.
O sol está mais vivo,
o ar mais limpo,
o momento é mais interativo.
Centenas de tons de verde brilham,
a visão faz o seu quadro mais bonito
a vida revive e os olhos sonham.
Odilon Reinhardt.
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