[12:18, 07/02/2025] António Miranda: Bom dia. Aqui está a crônica da semana.
[12:19, 07/02/2025] António Miranda: O latim da Judicatura, 2025 – 014
por tonicato mir
Curitiba, 05.02.2025
Eu não sei o porquê apareceu na tela do computador, sem eu ter acionado, um trailer do filme “Giordano Bruno” (1973), do produtor Carlo Ponti, que também foi produtor do inesquecível “Doutor Jivago”. Em certo momento, numa cena onde estão dois padres conversando, num convento em Veneza, um diz ao outro:
—Unus testis, nullus testis. Ou seja, “Texto único, texto nulo”.
De imediato, lembrei-me da “ursada” aprontada pelo STF, com relação à decisão já aprovada em ano anterior, cancelando a aposent…
[10:32, 14/02/2025] António Miranda: Comunico que hoje não teremos crônica, mas um conto. Espero que o apreciem. Tenha um BOM DIA!
[10:32, 14/02/2025] António Miranda: O pedido da formiga 2025 – 015
por tonicato mir
Curitiba, 08.02.2025.
Num canto da sala de vidro tem um pianista. É Vicent Fenton, mais conhecido profissionalmente como French Kiwi Juice – FKJ. Ele dedilha seu piano, tendo plantas para dois lados de fora do estúdio. Sobre o piano tem um espelho reflete a parede de vidro oposta. Depois dela há uma mata, com muitas plantas, flores e árvores. Numa delas tem uma formiga curiosa. Chamemos este inseto de Bel-miga.
A formiga olha atenta. Nada faz mover suas seis pernas. Apenas suas antenas se agitam, parecendo acompanhar o ritmo da música. Os olhos miúdos – comparados a outras formigas – acompanham os dedos do pianista. FKJ nasceu na França, na cidade de Tours, imprensada entre os rios Loire e Cher. A formiga nasceu há três meses. Ela é da raça lasius niger, totalmente preta. A Bel-miga estava ali ouvindo aquele piano. Embora considerada de origem portuguesa, não sabe qual seu ancestral chegou ali, no centro da França. Não foi voando, pois são muitos quilômetros de distância das terras lusitanas até ali. Seria mais crível que alguém trouxe uma pupa em sua mobília e ali desabrochou o seu hexa-avô.
Nada disto tem importância. Apenas o fato de FKJ estar tocando o seu piano. E Bel-miga já o escutou algumas vezes, em outras oportunidades. Num certo momento desceu do tronco de árvore. Ela saiu pateando suas patas por uma grande folha de taioba. Desceu pelo caule da planta, foi até a folha de outra planta colada a haste da taioba, desceu pelo canudo comprido da folha de uma samambaia, foi ao chão. Atravessou algumas pedritas, chegou até o trilho da porta de vidro. Observou que ela não estava totalmente fechada: Entrou.
Seguindo o seu propósito, atravessou todo o quarto. Em seguida, subiu na lateral do piano, até chegar próxima do teclado. Dali estufou sua pequena traqueia: emitiu um som. Coisa difícil de FJK reparar. Então, pulou no teclado, evitando ser atropelada pelos dedos ligeiros do pianista. E ele a viu, mas não parou a música. Apenas modificou um pouco seu dedilhado para não cometer um morticínio do inseto.
Mas aqueles olhos queriam dizer alguma coisa – pensou o pianista.
Então FKJ parou a sua música e os seus dedos. Aproximou mais ainda o seu rosto assustador da formiga, mas “Ela” não se intimidou. E perguntou ao inseto:
— O que você quer? Por que está aí?
Bel-miga entendeu o que ele falou. E ele continuou falando, tentando responder, mas nada entendeu. Provavelmente os movimentos da formiga, com as seis pernas e o corpo todo, era qualquer coisa natural do inseto, não uma resposta.
Então “Ela” foi até o canto do piano, onde estava um papel e um pequeno copo de café plástico, com muito açúcar, e o derrubou sobre o papel. Ali, “Ela” escreveu com suas patas, em francês, em letras garrafais, de imprensa:
— Por favor, toque para mim _Corcovado!!!
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