Fora da caixinha?
No meio de cifras,
tabelas, gráficos
aparecem palavras.
Não são do meio,
vem de longe, sem aviso,
chegam pelo e- mail.
Surgem bem no meio da confusão,
totalmente fora do contexto, alienígenas,
parecem querer atenção.
O momento é sempre tenso,
o mercado em agitação, prazos, metas,
mas o email induz pensar em luz por extenso.
A intenção do remetente
é só provocar reflexão
sobre o preparo da mente.
É assim que com a invasão,
no meio do agito, a mente precisa pausar,
provar que pode sair para a distração.
Alguns segundos de leitura
podem ser a diversão espiritual
antes de voltar à rotina dura.
Vale como um cafezinho intelectual,
conversa com o mundo interior,
resgate do que é essencial.
Talvez na pausa
surja algo novo , luz, energia
soluções para alguma causa.
É que o pragmatismo seco e frio
retira o hábito da flexibilidade
do pensar criativo e livre diante do desafio.
O utilitarismo e o racionalismo correntes
limitam e bitolam a mente
como fonte de soluções mais inteligentes.
A lógica no local de trabalho
é rotineira, repetitiva, cega;
amassa, faz da pessoa uma carta do baralho.
Treinar a mente para se retirar
do meio no reboliço rotineiro
é uma habilidade superior do pensar e do trabalhar.
Uma poesia bem no meio da operação,
é um pingo de chuva na frigideira,
poucos têm preparo para algo de abstração.
Quem pode abstrair
tem um diferencial superior
para ter sucesso e sobressair.
Tem potencial para crescer
libertar-se do simples copiar e seguir, do comum,
pode ali mesmo praticar a essência do ser.
Mas cabe a cada um na sua evolução
chegar ao momento de ser sujeito do dia
e não um comum operador de sua cega escravidão.
Odilon Reinhardt.
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