A festa da Cassinha

 


A festa da Cassinha

 

                                                                                                              por tonicato miranda

                                                                                                                 Curitiba, 01.12.2024.

 

 

        — Daqui a pouco será o dia da festa. Vamos lá?! – digo à esposa.

 

        — Do que você está falando? – respondeu ela.

 

        — Ora, ora. Falo da Festa da Cassinha. Sempre vamos lá. É uma das festas de final de ano mais aguardada.

 

        Assim começou nosso diálogo nesta manhã do início de dezembro. Fiquei pensando com meus cordões do pijama: como é maravilhosa a Festa da Cassinha. Parece-me deselegante dizer seja a festa da amiga, afinal o Joachim – seu esposo –, participa da preparação ativamente, sendo um anfitrião igualmente formidável.

 

        ‘E como ela ocorre?’ Explico aos não convidados. Vejam que nisto não tem nada de confraria dos eleitos, chegando na casa da Cassinha todos são benvindos. Ela ‘tem coração de mãe, sempre cabe mais um’.

 

       Todo ano, uma sexta-feira antes do Natal, o casal abre as portas da casa a amigos para comemorar esta festa. Cada pessoa, ou casal, leva um prato de comida natalina; decorado ou simples; também uma garrafa de vinho, a ser mergulhado em balde de gelo, diante do calor desta época aqui em Curitiba.

 

       Mas não somente comilança e bebidas a festa tem. A certa altura, Joachim aparece com seu violoncelo, e executa, com sua irmã ao piano, ou com outro convidado, uma ária, ou peça de Bach ou Schumann; também duas músicas natalinas. Todos param de comer e beber para apreciar, degustando a sonoridade dos músicos nos ouvidos.

 

       Isto não é tudo, pois ainda há o momento em que muitos se dirigem à sala maior. Lá, uma grande Árvore de Natal tem velas a acender com uma “vara de bruxa, meio torta”. A vela mais alta da árvore, fica cinco metros de altura. As pessoas que participam do amigo oculto, antes de entregar seu presente e falar palavras sobre o(a) agraciado(a), acende uma das velas. Deste ritual metade das sessenta pessoas participam. É o ponto alto da Festa da Cassinha.

 

       Diferente de A Festa de Babette, vou até a esta festa natalina, não somente pela comida e bebida, vou até lá para renovar nossa amizade ao casal. Viva o Natal! Vivam a Cassinha e o Joachim! Que este espírito perdure por muitos anos em suas vidas. Enquanto tivermos saúde e pernas, vou repetir:

 

        — Daqui a pouco será a hora do início da festa. Vamos lá?!

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