VIRAR A PÁGINA Jadson Porto/ 02/07/2023

 VIRAR A PÁGINA

Jadson Porto/ 02/07/2023


- “O que te faz virar a página”? Perguntou-me a pequena criança, enquanto lia o livro sobre o Sítio do Pica-pau Amarelo, de Monteiro Lobato.

- “Eita! Lá vem ele com suas indagações profundas, singelas e, ao mesmo tempo, complexas”! Pensei enquanto tomava minha cuia de açaí na beira do rio Tapajós.

Olhei o curioso curumim, resgatei na memória o livro mais recente que havia lido (o “Mundo negro: a inversão de papéis”, de Jack Corrêa) e me inseri na pergunta. Então, iniciei minha reflexão: “Depende de que página você se refere! Se for de um caderno com páginas em branco, terás um motivo; se for de um caderno com folhas escritas, terás outro; se for de um livro, mudará sua intenção”.

Olhando-me com mais curiosidade e saboreando um pouco de minha cuia de açaí, Maiutá fitou-me mais atento.

- “Veja só”! Continuei. “Quando pegas um caderno com folhas em branco, o que pensas em fazer com ela, além de aviões, barcos ou bolas”?

- “Ás vezes eu escrevo. Outras, eu desenho”! Respondeu a pequena criança.

- “ Então! A folha em branco te permite criar, seja um texto ou um desenho, sejam eles usando tintas coloridas diversas ou não. Pode ser usado até lápis, para possíveis correções, apagando”. Continuei.

- “Ah! A mamãe pede para anotar algo. Sempre é algo para comprar no mercadinho ou na feira”! Lembrou Maiutá.

- “Ou seja, fazer uma anotação para não esquecer. Quando viramos as páginas que outrora eram brancas, as viramos porque foram preenchidas com algo importante e que não deve ser esquecida. Você não escreve na escola as observações importantes de seus professores”? 

Respondeu afirmativamente com a cabeça, sorrindo com um bigode de açaí pintado no rosto.

- “Quanto ao livro, viramos as suas páginas por que somos curiosos. É a curiosidade que nos impele a virar a página. Ao ter lido a página anterior, queremos ver o desenrolar da estória e como o autor a construiu nas páginas seguintes. Você já leu alguma obra de Júlio Verne? Não? Então leia”. 

-  “Pai, eu posso pegar um papel, escrever e transformar o que escrevi em um livro”?

- “É claro que sim! E há diversas formas para tal intento. Pode sobre poesia, crônica, Romance, aventura, ficção, acadêmicos. Você escolherá as linhas, as letras, as sílabas, as palavras, as frases, o enredo. Provavelmente inserirá personagens... Enfim, você construirá o seu mundo imaginário, a sua utopia, e os exporá, os descreverá”.

- “Pai, você me dá um dinheiro para comprar um caderno”?

Naquele momento, vi um novo mundo nascendo.

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