FLORISTA SEM FOTOSSÍNTESE

 

Jadson Porto, 16/10/2022

Encontrei uma floresta

Nela, fotossíntese não havia

Nem galhos, folhas, flores e frutos

Mas habitada se fazia

Era uma floresta de cimento

De concreto, aço e vidraçarias

Ninhos em seu tronco, em pavimentos

Alguns deles no chão

Com portas, janelas transparentes, todavia

Uns com ar-condicionados

Outros, não!

Variadas cores

Mas pintados!

Muitos formatos

Mormente, retangulares e quadrados

Seus moradores não voam, nem trilham

Em calçadas pavimentadas, circulam!

Por trilhas pavimentadas, passam

Em veículos fechados, microclimas interiorizados

Não caçam, nem plantam

Consomem, compram!

Andam em bandos, por vezes, devidos

Mas com fones de ouvidos.

Em tempos específicos, agitação

Em dias próprios, multidão

Em muitos momentos, solidão

Sempre há movimentação.

E segue a rotina...

Na floresta sem fotossíntese.

Nela, há animais circulando

Alguns presos em coleiras no pescoço

Ou temporal, no pulso

Outros sobre rodas

Alguns levam seus donos para passear

Outros para trabalhar

Não ouço vozes, na floresta sem fotossíntese

Nem cantos de seus moradores a escutar

Ouço berros de máquinas, seus urros ou estalar

Alguns tentam a cantos lembrar

Mas são sons de caixas metálicas a tocar

Cujo volume posso diminuir ou aumentar

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