Minha derradeira missão (texto)

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hamilton bonat


ter., 29 de mar. 04:31




MINHA DERRADEIRA MISSÃO  (Hamilton Bonat) 

(21Fev2022) 

Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Foi Lavoisier quem nos ensinou. Bem mais tarde, Chacrinha brincou com a frase do químico francês, transformando-a para “no mundo nada se cria tudo se copia”. 

 

Esse introito é para deixar bem claro, antes que você continue a ler, que não tive uma ideia original, muito menos genial. Validando as palavras do velho guerreiro, simplesmente copiei... 

 

Setembro de 2005. O dia, não lembro. Eu era Adido Militar junto à Embaixada do Brasil em Washington. Acompanhava o Comandante do Exército, General Francisco Roberto de Albuquerque. Sua visita aos Estados Unidos estava chegando ao fim. Seguíamos para o aeroporto Internacional de Washington.  

 

Além de intensa programação na capital norte-americana, estivemos em Nova Iorque. Na sede da ONU, o General Albuquerque propôs acrescer à nossa tropa da MINUSTAH  (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti), comandada pelo Brasil, uma Companhia de Engenharia. 

 

O estado de pobreza absoluta daquele país caribenho, levava o nosso Exército a buscar, de alguma forma, minimizar sua situação de miséria. Sabíamos que os nossos Engenheiros teriam muito a oferecer aos haitianos. 

 

Para nossa alegria, a ONU concordou com a sugestão. Durante os anos  subsequentes, a Engenharia do Exército, como se esperava, realizaria inúmeras obras em proveito daquele povo sofrido. 

 

Organizar e acompanhar a visita do nosso Comandante aos Estados Unidos tinha sido a minha derradeira missão. Dali a poucas semanas, eu estaria sendo substituído  e, ao mesmo tempo, passaria para a reserva. 

 

Por isso, aproveitei daquela oportunidade ímpar para entregar ao nosso Comandante, ali mesmo, a caminho do aeroporto, um pequeno pedaço de papel com algumas sugestões. Disse-lhe que aquela seria a minha última colaboração ao Exército, enquanto na ativa. Pedi que as lesse quando já estivesse no avião. 

 

Vou tratar de apenas uma das sugestões (creio que foram cinco) que fiz, pois ela foi aceita e implementada pelo General Albuquerque, o que me trouxe enorme contentamento. 

 

Obviamente, não foi uma ideia original minha. Foi uma cópia.  Eu tinha observado que, nos uniformes de alguns militares de outros exércitos que serviam em Washington, havia a bandeira que identificava o país ao qual pertenciam. Portanto, não era novidade. Mas em nossas fardas seria. 

 

Feita a necessária explicação, quero revelar que atualmente fico feliz, emocionado até, quando assisto à atuação dos nossos militares, desde os guerreiros de selva até as tropas de aço do Sul, cumprindo diversas missões e exibindo a Bandeira do Brasil em seu braço esquerdo. 

 

Ela está ali, não só para identificar a nação a qual pertencemos e a quem juramos honrar e defender, mas, também, como uma declaração de amor ao símbolo maior da nossa Pátria. E, para confirmar que tudo se copia, transcrevo a declaração de amor que Olavo Bilac transformou em hino: “Recebe o afeto que se encerra em nosso peito juvenil. Querido símbolo da terra. Da amada terra do Brasil!” 

 

 

...

 

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