P R O C U R
A -
S E U M F I L H O
Anita
Zippin
Procura-se
um filho!
Dizem que saiu a passeio.
Deve ter ido até o correio.
E não mais voltou.
Agora mesmo eu o procurei no quarto.
Só encontrei seu último retrato.
Fui até a cozinha ver
E nem na geladeira ele foi remexer.
Passei pela sala e vi sua poltrona
A almofada estava lá paradona.
Subi a escada mais uma vez
E nada deste piá crescido,
Quanta peraltez!
Procurei um bilhete na lareira,
Nem uma linha, mesmo de brincadeira.
Abri seu armário e senti o perfume.
Aquele que ele pôs e a noiva sentiu
ciúme.
Entrei na minha suíte, de sopetão.
Vai que ele errou de quarto e está
deitadão.
Nem pensar em coisa séria que deve
ter acontecido.
Melhor que ele , em outra casa, tenha
dormido.
Vou ao jardim e lá está sua flor
preferida.
Parece que está anunciando a hora da
sua partida.
Meus olhos enchem de lágrimas de
despedida.
Ele só voltará quando da minha
subida.
Contam que virá me buscar, sem hora
marcada.
Tomara lembre do endereço deste pai
camarada.
Sei que é cedo entender como rompeu
este laço.
Mas tentarei viver e sonhar com o dia
do abraço.
Vou me conformar com outros pais sem
filhos.
Mas tentarei pensar que ele ainda
está comigo.
Suas roupas, seu perfume, sua cadeira, sua flor.
Tudo na vida dei a ele, meu amor.
Irei visitar outros filhos sem pais.
Quem sabe precisem de mim, um pouco
mais.
Concordar com a partida do
apressadinho?
Só se eu imaginar que ele está feliz,
repleto de saudade e de carinho.
E pensar que a gente ia passar juntos
o Natal!
Bem, vai que ele vem e me dá um belo
sinal.
Assim irei imaginar com muita
harmonia
Desejar aos pais sem filhos o
acalanto da melodia.
Vai que meu filho entra na sala.
Papai, papai, é assim que me fala!
Vou acreditar, agora e para sempre.
O dia do abraço será de repente.
Tomara venha seu sorriso ao luar.
Tentarei procurar uma estrela para
seu nome dar.
Vá em paz meu filho querido!
Prometo ficar de bem até meu encontro
preferido.
Até lá, que alegria.
Fui pai de você...um dia!
Agora, temos encontro de verdade.
Será lindo, estrelado, além da
eternidade.
Filho... Filho.... Filho...
N.A.: dedicado ao colega e amigo
Ernani Buchman, pela passagem de seu filho Fábio e a todos os pais sem filhos,
ou com filhos sempre no coração.
(Anita Zippin, advogada, jornalista,
Presidente da Academia de Letras José de Alencar e membro do Observatório da Cultura Paranaense)
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