Todo o tempo.

 Todo o tempo.

 

Tenho todo o tempo do mundo,

para olhar o finito e o infinito,

hoje de modo mais profundo.

 

Olho até as pedras deste muro,

pergunto de onde vieram,

qual a montanha que lhes deu rumo.

 

E quando a casa for demolida,

para onde irão

contar o que viram nesta vida corrida.

 

Pedras no muro da calçada,

expostas ao tempo dos tempos da sorte

decorando décadas da minha caminhada.

 

A cidade muda, a rua fica muda,

a vida se agita, a calçada é demolida, 

o muro sobrevive com valor de pé de arruda.

 

Este muro é real,

de pedra eterna mesmo se virar areia, 

e tudo ali é quase eterno.

 

Mas quantos muros fiz para me proteger

e quantos outros destruí

para poder prosseguir e vencer? 

 

Muros de palavra

em pensamentos  e crenças na mente,

muros  de minha lavra.

 

Mas agora são muros inexistentes,

muros sem sentido,

e eu tenho todo o tempo das gentes.

 

E fico aqui sentado,

admirando este muro na calçada,

um muro com muito significado.

 

Como qualquer objeto no olhar,

este muro nada vale em si,

além do que me faz agora pensar.

Odilon Reinhardt.

 

Comentários