Resistência ou cada um no seu rumo.

 Resistência ou cada um no seu rumo. 

 

 

A estradinha deixa a floresta,

limpa, bela, despede-se do regato,

e vai pelo que resta

do que chamam de mato.

 

Avança pela campina,

se direciona pelo riacho,

não encontra esquina,

segue reto por longo trecho.

 

Cruza mais um rio,

pedras que já encontrou,

lá na montanha no frio

e que agora ao sol reencontrou.

 

Lá vai a estradinha,

solo de terra dura,

passando pela fazendinha,

com altivez, garbo que perdura.

 

Entra no capão que apareceu,

ilha onde pausa para recordar,

a floresta onde nasceu,

feita pelo matuto e seu desbravar.

 

Prossegue , chega ao asfalto,

rodovia que vai à cidade,

faz um desacato,

rejeita tal caminho para a irrealidade.

 

Seria seguir o asfalto como marginal,

que serventia teria

na vida da capital,

logo uma rua asfaltada viraria?

 

Cruza assim aquele descaminho,

segue digna e com personalidade pela campina ,

prefere restar ligada a seu ninho

e ir pela terra pura como serpentina.

 

Por vezes rude, cheia de poeira,

melada na chuva,

mas sempre altaneira,

levando a produção do milho à uva.

 

É feliz assim,

servindo cada fazendinha,

que vê como belo jardim,

na distante campanha.

 

Ficará sempre estradinha,

estreita, natural,

protegida no que tem e  tinha,

desde a floresta original.

 

 Odilon Reinhardt. 

Comentários