O frio e o canário

 

A crônica da semana, Cascaes

Caixa de entrada

Pesquisar todas as mensagens com o marcador Caixa de entrada

Remover o marcador Caixa de entrada desta conversa

Homem com a boca aberta

O conteúdo gerado por IA pode estar incorreto.

Antonio Miranda

Boa noite, amigo.

Aqui vai a crônica da semana.

 

 

O frio e o canário

 

                                                                                                                                                                                                                por tonicato mir

                                                                                                                                                                                                          Curitiba, 20.06.2025.

 

 

          Folhas marrons mortas no caminho / folhas verdes na árvore do olhar / formigas nuas ruminando na toca / passarinhos encolhidos nos galhos / nuvens como cobertores na cidade / algumas conversas e cafés adiados / casacos vestindo cadeiras na sala / saio, não saio, deste apartamento frio/ tudo está parado na mente com preguiça / o corpo na caverna abrigado do clima / a criação anda escondida, tremelicando / nada põe o pé na rua na manhã nublada / voltar à cama, embolar pensamentos / é opção para ter sonhos quentes / um deles no calor distante do Sol.

 

          Este _“poemeu”_, mostra a minha vontade de não sair do apartamento neste dia frio. As temperaturas já baixaram menos de dez graus, dias atrás. Ontem foi feriado e há dias o Inverno está aqui. Assim é normal adiarmos o horário para levantar da cama.

 

       Hoje começa o Inverno, com o Dia Oficial. Caramba! O Sr. Frio estava apressado em mostrar sua cara, soprando ventos gelados sobre a cidade. Ele começou semanas antes. Não sei porque tanta pressa. Resolvo conversar com ele. E digo:

 

        —  Você tem de compreender que tudo tem tempo, Sr. Frio. Espere a sua vez. Deixe o Sr. Outono acabar a sua derrubada de folhas das árvores. Elas vão cair no jardim e em toda a rua. Controle a sua ansiedade.

 

         Seguindo na crônica, tenho pena dos moradores de rua e dos passarinhos fiéis. Não são ciganos, não migram. Não sei porque se arraigar a este território. Não fizeram abrigos, deveriam migrar a lugares mais quentes. Será por identificação com a língua, com os costumes, com os restos da sociedade? Como ir embora? Ir à procura do quê? É melhor enfrentar o clima, será temporário – pensa o indigente. Mas não age assim o amigo canário da terra, que anda na minha jardineira. Dia desses ele conversou comigo.

 

         — Sr. Cronista, diga-me uma coisa. Para onde iria? Eu imitaria as aves migratórias, numa revoada para o norte?

 

         — Eu vou saber, Sr. Canário? Não tenho asas, embora me "arvore" em voar por alguns ares onde não estou preparado.

 

       — Eu sei! Mas aqui nesta cidade fiz amizades. Onde eu encontraria alguns miolos de pães frescos, algumas comidinhas que vizinhos seus colocam para mim? Não sei. Vou aguentando este frio. Ele também é passageiro desta grande bola azul.

 

        — Está bem, Sr. Canário. Mas faça-me um favor. Arrume uma canária que cante bonitinho para alegrar meus dias. Traga ela quando aparecer na minha jardineira para pegar miolos de pão. Gosto muito da voz melodiosa das canárias.

 

      — Está feito. Vou providenciar isto. Mas gostaria que você também fizesse um favor para mim. Coloque junto ao miolo de pão pedaços de atum e uma bebidinha leve. Afinal, comer sem líquido, não. Eu não estou de dieta.

 

Comentários