A crônica da semana, Cascaes
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Boa noite, amigo.
Aqui vai a crônica da semana.
O frio e o canário
por tonicato mir
Curitiba, 20.06.2025.
Folhas
marrons mortas no caminho / folhas verdes na árvore do olhar / formigas nuas
ruminando na toca / passarinhos encolhidos nos galhos / nuvens como cobertores
na cidade / algumas conversas e cafés adiados / casacos vestindo cadeiras na
sala / saio, não saio, deste apartamento frio/ tudo está parado na mente com
preguiça / o corpo na caverna abrigado do clima / a criação anda escondida,
tremelicando / nada põe o pé na rua na manhã nublada / voltar à cama, embolar
pensamentos / é opção para ter sonhos quentes / um deles no calor distante do
Sol.
Este _“poemeu”_,
mostra a minha vontade de não sair do apartamento neste dia frio. As
temperaturas já baixaram menos de dez graus, dias atrás. Ontem foi feriado e há
dias o Inverno está aqui. Assim é normal adiarmos o horário para levantar da
cama.
Hoje começa o Inverno, com o Dia Oficial.
Caramba! O Sr. Frio estava apressado em mostrar sua cara, soprando ventos
gelados sobre a cidade. Ele começou semanas antes. Não sei porque tanta pressa.
Resolvo conversar com ele. E digo:
— Você tem de compreender que
tudo tem tempo, Sr. Frio. Espere a sua vez. Deixe o Sr. Outono acabar a sua
derrubada de folhas das árvores. Elas vão cair no jardim e em toda a rua.
Controle a sua ansiedade.
Seguindo na crônica,
tenho pena dos moradores de rua e dos passarinhos fiéis. Não são ciganos, não
migram. Não sei porque se arraigar a este território. Não fizeram abrigos,
deveriam migrar a lugares mais quentes. Será por identificação com a língua,
com os costumes, com os restos da sociedade? Como ir embora? Ir à procura do
quê? É melhor enfrentar o clima, será temporário – pensa o indigente. Mas não
age assim o amigo canário da terra, que anda na minha jardineira. Dia desses
ele conversou comigo.
— Sr. Cronista, diga-me uma
coisa. Para onde iria? Eu imitaria as aves migratórias, numa revoada para o
norte?
— Eu vou saber, Sr. Canário?
Não tenho asas, embora me "arvore" em voar por alguns ares onde não
estou preparado.
— Eu sei! Mas aqui nesta cidade fiz
amizades. Onde eu encontraria alguns miolos de pães frescos, algumas comidinhas
que vizinhos seus colocam para mim? Não sei. Vou aguentando este frio. Ele
também é passageiro desta grande bola azul.
— Está bem, Sr. Canário. Mas faça-me
um favor. Arrume uma canária que cante bonitinho para alegrar meus dias. Traga
ela quando aparecer na minha jardineira para pegar miolos de pão. Gosto muito
da voz melodiosa das canárias.
— Está feito. Vou providenciar isto. Mas
gostaria que você também fizesse um favor para mim. Coloque junto ao miolo de
pão pedaços de atum e uma bebidinha leve. Afinal, comer sem líquido, não. Eu
não estou de dieta.
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