Muitos podem dizer que vão assim.
O pragmático, o racional, o útil nos conduz
a uma vida diária seguindo o material
e o automático é que seduz.
Cegos, procurando luz, ficamos alucinados,
obsessivos adoradores,
inconscientes apatetados.
Vamos esquecendo do verdadeiro show
do sol nascer, da Lua avisando que vai surgir,
da flor aparecendo no meio de tanto falso jardim que restou.
Pequenos detalhes vão perdendo o valor,
não fazem mais parte do cotidiano,
já cheio de tanto falso esplendor.
Até já nos esquecemos de sensações
com a de ver o mar , a chuva, a neve pela primeira vez
e menosprezamos esses shows e suas variações.
Vamos assim nos enganando,
preenchendo a mente
com eventos que vão nos esgotando.
Sem querer folga ou pausa
vamos ficando tóxicos
e não notamos a causa.
Estamos nos distanciando
da nossa própria natureza
e essência vai se camuflando.
Deixamos de observar transformações
no tempo, na coloração do dia,
desprezamos inúmeras diversões.
Apegamo-nos ao evento humano,
dramas, problemas , competição,
e nos afundamos nesse engano.
A Natureza continua mesmo assim,
está lá fora, pela janela, no horizonte,
acontece na rua, no céu,no jardim.
Faz seus shows , seus eventos,
independe de nossos olhos,
vive com seus próprios movimentos.
Odilon Reinhardt.
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