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*Coisas inúteis e uma dos ouvidos*
No banheiro pensei nas inutilidades das coisas. Uma delas é: tenho altura vinte centímetros maior do que a companheira. O chuveiro está lá, no alto, me desafiando. O que fazer? Ao final do banho. ajustá-lo para a esposa? Não! Esta é uma bobagem muito repetida. Ainda acharei um ponto intermediário entre a estatura minha e dela.
Tenho cinquenta e três camisas. Para quê? Como dizia meu Tio Geninho – quanta bobagem. Afinal sou somente um, não visto duas ao mesmo tempo. A minha sombra pouco se importa se estou vestido ou não. Preciso me desfazer de um quarto ou de um terço delas, também de umas doze calças que não cabem mais em mim.
Ao escrever no parágrafo anterior “...me desfazer de um quarto ou de um terço delas...” reparo que um terço é maior do que um quarto, embora tenha número grafado menor. Grande bobagem da minha parte. A Matemática não é tão filosoficamente construída ou representada. Tudo é relativo. Nós não estamos sendo comandados pela nanotecnologia? Ela é pequena, mas está a nos comandar, nós tão maiores.
O que nos incomoda mais? A desarrumação da casa ou de uma “mosquita”? Ela, é pequena, mas tem picada dolorosa e me incomoda quando zumbe em meu ouvido. Caso picasse minha carne calada, não me incomodaria. No silêncio da noite zumbe como um motor de carro de corrida. Isto é intragável. Tão pequena, tão perturbadora.
Mais uma... – por que acumular livros? Para dizer que eu os li? Bobagem. Não li nem a metade nas estantes. Têm livros de lançamentos comprados por amizade direta ou indireta. Outros, comprei, não os li. Alguns, abandonei. Outros li duas vezes. Tanto papel acumulado é uma vaidade besta. Bato palmas à ideia de ler e deixar livros num banco de jardim, porém não deve chover ou garoar. Livros não gostam de água.
Ainda não fui embora. Ainda acumulo muitas coisas. Para quê? Nada do acumulado levaremos à cova. Mas queria que colocassem um gravador com uma bateria carregada no meu túmulo, com as músicas do Tom Jobim, tocando _“Wave”_, “Corcovado” e outras. Assim me despediria do mundo em alto estilo. Mas não carreguem no volume, debaixo da terra desta Terra predomina o silêncio.
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